Uma mesa no deserto (Julho)






1° DE JULHO 

    

Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vinculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação.(Efésios 4:3, 4)


Há vários elementos nesta unidade do Espírito a qual é nossa herança comum. Um deles é nossa esperança. Não se trata apenas de um otimismo entusiasta; antes, é a esperança de nossa voca- ção como cristãos. Qual é a nossa esperança? É estar com o Senhor na glória pela eternidade. Não há uma única alma que seja de fato Dele em cujo coração não haja esperança, pois ter Cristo em nós é ter em nós "a esperança da glória" (CI 1:27). Se alguém alega ser do Senhor e não tem expectativa pelo céu ou pela glória, sua profissão de fé é vazia. Além disso, todos que compartilham esta esperança são um, pois, uma vez que temos a esperança de estar juntos por toda a eternidade, como podemos ser divididos no tempo? Se compartilharemos o mesmo futuro, não compartilharemos com alegria o mesmo presente?


2          DE         JULHO 


Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos.Lucas10:33, 34


Aquilo que o desesperançado pecador não pode fazer, o Salvador está pronto para fazer por ele. O Senhor Jesus veio como um Amigo dos pecadores para ajudá-los a se aproximar Dele. Aproximarmo-nos Dele só se fez possível porque Ele primeiro veio a nós. Por isso, o céu passou a estar ao nosso alcance. Lembro-me de estar sentado, certa vez, conversando com um irmão em sua casa. Sua esposa e sua mãe estavam no piso superior, mas seu filhinho estava na sala conosco. Quando a criança começou a pedir algo, chamou pela mãe. "Está aqui em cima", respondeu ela; "venha pegar". No entanto, a criança gritou: "Não posso, mamãe, está muito longe. Por favor, traga aqui pra mim". E, de fato, o menino era muito pequeno e os degraus eram muito altos; assim, a mãe desceu com o que ele queria. A salvação é exatamente assim. Foi somente porque Ele veio a nós que nossas necessidades foram supridas. Se Ele não tivesse vindo, nós, pecadores, jamais teríamos nos aproximado Dele; mas Ele "desceu do céu" (Jo 6:38), e nós subimos às alturas.


3 DE  JULHO 


O SENHOR vos tomou e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, para que Lhe sejais povo de herança.(Deuteronômio 4:20)


Em nenhuma parte do Antigo ou do Novo Testamento a consagração está desvinculada da redenção. Ambas estão ligadas de forma tão íntima que nunca encontramos uma sem a ou- tra. O apóstolo Paulo não esperou ser preso ou estar perto de ser martirizado para, então, apresentar-se a Deus. Isso aconteceu em sua conversão, na estrada para Damasco. Deus jamais intentou que Seu povo esperasse por vários anos, talvez à espera de uma bênção especial, antes de entregar-se inteiramente a Ele. Em Seu propósito, quando salva alguém, Ele também ganha alguém. Ele me concede a redenção e pede minha consagração em troca. Graças ao Seu maravilhoso dom da salvação, entrego-me a Deus.


4         DE           JULHO 


Deus ama a quem dá com alegria.(2 Co  9:7)


O servo do Senhor deve aprender a dar como também a receber. Entretanto, como é difícil muitas vezes fazê-lo! Lembro-me de, certa vez, preparar-me para uma viagem em que subiria o rio para participar de algumas reuniões importantes. Tive de confiar no Senhor para conseguir a passagem, pois só tinha dezoito dólares na mão. O barco iria me levar até certa distância, e eu precisaria de algo em torno de trezentos dólares para alugar um barco para concluir a viagem. Contudo, antes de partir, Deus me disse para dar a um amigo seis dos poucos dólares que eu tinha, e eu o fiz. Depois, levantei-me, encontrei um inesperado transporte barato que faria o percurso pela metade do preço, desfrutei de uma semana extremamente abençoada e fui plenamente suprido para a viagem de volta. Que alegria descobrir, quando cheguei, que meus seis

dólares haviam sido desesperadamente necessários! Receio que, na maioria das vezes, sejamos maus doadores. Se apenas recebo e nunca dou, sou indigno do Deus que me enviou. O princípio divino não é: "Poupe e enriqueceras", mas: "Dai, e dar-se-vos-a" (Lc 6:38).


5        DE         JULHO


Então, Jesus tomou os pães. João 6.11)


Para a maioria de Seus milagres, Deus usa algo material. Nesta passagem, Jesus aceita cinco pães e dois peixes. Ele não o fez. Preferiu, em vez disso, operar poderia ter transformado pedras em pães, um milagre com o que Lhe fora oferecido. "Trazei- mos", Ele disse (Mt 14.18). O que Ele faz, faz por nosso intermédio. Todos os milagres começam desta forma: com tudo o que sou e tenho em Suas mãos. Se guardar os pães para mim, somente um homem é alimentado. Se entregá-los a Ele, ficarei com fome? Em tempos de extrema pobreza por toda a na- ção, o profeta Malaquias entregou ao povo de Israel a resposta de Deus para suas dificuldades: "Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro - e provai-Me nisto!" (3.10). É necessário apenas uma pequena rolha para fechar um garrafão, retendo, assim, seu conteúdo. Assim é o céu. Muitas vezes deixamos de ver milagres, porque nada entregamos a Deus. Ele pede algo extremamente pequeno: o que temos! No entanto, é o que Ele precisa.


6          DE          JULHO 


Mas isto que é para tanta gente?(João 6.9)


As esperanças de um número considerável de pessoas ainda não estão centralizadas na bênção do Senhor, mas no estado de seus tesouros, em alguns pães que tem nas mãos. O que temos nas mãos é tão desprezivelmente pequeno e, não obstante, insistimos em contar com isso; e quanto mais o fazemos, mais dificeis ficam nossas chances de éxito. Meu amigo, os milagres procedem da bênção do Senhor! Onde ela está, milhares são alimentados; do contrário, será insuficiente ter mesmo que seja uma grande quantia de dinheiro. Reconheçamos esse fato e, ao fazê-lo, veremos uma transformação em nossa obra. Não haverá mais necessidade de usar de manipulações e truques; não haverá razão para tramas humanas nem discursos demorados e vazios, pois simplesmente confiaremos em Deus e esperaremos por Seu milagre. E, onde houver confusão, será ainda possível perceber que, de alguma forma, tudo está bem. Bastam algumas bênçãos para que possamos superar uma infinidade de problemas.


7           DE           JULHO 


O bordão do homem que eu escolher, esse florescerá.(Números 17.5)


O sacerdócio de Arão foi contestado. O povo questionava se ele era de fato um escolhido de Deus. "Este homem foi ordenado por Deus ou não?", perguntava. "Nós não sabemos com certeza!" Deus começou, portanto, a provar quem era Seu servo e quem não era. Como Ele o fez? Doze bordões foram colocados diante Dele no santuário e deixados ali por uma noite. De manhã, a escolha de Deus foi observada no bordão que brotou, produziu flores e deu frutos.

Novos botões, flores, amêndoas maduras: todas estas evidências anunciam o milagre da ressurreição. É a vida oriunda da morte que distingue um ministério com o testemunho divino, somente isto. Sem ela, nada temos. Deus só pode usar como Seus ministros aqueles que, por meio da união com Ele, passaram a provar do poder de uma vida eterna.


8          DE          JULHO 


Aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das Suas.(Hebreus 4:10)


Em sua criação, o homem passou a ter uma relação extremamente significativa com o descanso de Deus. Segundo a Biblia, Adão foi criado no sexto dia. É evidente que ele não participou dos seis primeiros dias da obra de Deus, pois só veio a existir no final deles. Portanto, o sétimo dia de Deus foi o primeiro dia de Adão. Enquanto Deus trabalhou seis dias para desfrutar de Seu descanso no sábado, Adão começou sua vida neste dia. Deus trabalha antes de descansar. Para estar em harmonia com Deus, o homem deve, em primeiro lugar, entrar em Seu descanso; só então ele pode trabalhar. Este princípio constitui a base de todo serviço cristão. Além disso, a vida de Adão só pode ter este início satisfatório uma vez que a criação de Deus foi primeiramente concluída de forma tão verdadeira. E aqui está o Evangelho: por nós, pecadores, Deus deu o passo necessário seguinte e completou toda a obra dab salvação. Nada precisamos fazer para merecê-la. Ao mesmo tempo, por um ato de simples fé, podemos entrar no descanso sabático de Sua obra consumada.


9         DE          JULHO 


Foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus.(Apocalipse 12:10)


Satanás é um assassino e um enganador, que tenta e ataca; contudo, hoje, ele é especialista em acusar. O céu reconhece este fato, e o mesmo deve fazer todo cristão. Ele nos acusa de dia e de noite, e suas acusações, que não são infundadas, estão voltadas para nossa consciência - o ponto em que, na maioria das vezes, perdemos a força para combatê-las. Seu objetivo é levar-nos a pensar com desespero: "Sou um caso sem esperança! Deus não pode fazer nada comigo!". A consciência é algo precioso; no entanto, repetir constantemente as palavras: "Não tenho jeito! Não tenho jeito!" não é a humildade cristă. Con- fessar nossos pecados é uma atitude saudável; no entanto, que nunca levemos a confissão ao ponto em que nossa pecaminosidade pareça para nós maior do que a obra de Cristo. O diabo sabe que não existe arma mais eficaz contra você e contra mim do que a criação dessa ilusão. Qual é a solução? Confessar-se culpado para Deus. Confesse para Ele: "Senhor, eu não tenho jeito!", mas, em seguida, lembre-se do precioso sangue e, contemplando Sua glória, acrescente: "Mas, Senhor, permaneço em Ti!"


10           DE           JULHO 


Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus; sou exaltado.(Salmo 46:10)


Se o trono de Deus parece tremer, nossa mão pode sustentá-lo? Parece que alguns pensam desta forma. Um deles foi Jacó. Deus claramente afirmara que Jacó governaria, e em tudo que fazia, Jacó intentava apenas cumprir os planos de Deus. Ele percebeu a eleição de Deus e a abraçou - contudo, certo dia, ficou sabendo que seu pai enviara Esau à caça com o intuito de dar a bênção ao irmão. Se isto acontecesse, onde ficaria a promessa de Deus?

Algo tinha de ser feito! Além de hábil e esperto, Jacó era também um conspirador; assim, pós-se a fazer por Deus aquilo que, ao que parecia, Deus não podia fazer por si mesmo - e, para consegui-lo, enganou o pai. Entretanto, teve de abrir mão daquilo que parecía ter conseguido com sua trapaça, e foi obrigado a fugir. Sim, ele era o escolhido de Deus, Deus o queria, mas ele não conhecia ao seu Deus nem a si mesmo. O que de fato recebeu foi uma severa dose de disciplina divina. Uma grande disciplina é o que pessoas espertas recebem!

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