Uma mesa no deserto (Janeiro)

 




1º     DE   JANEIRO 


Erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e, partindo os pães, deu-os aos discípulos para que os distribuíssem.(Marcos 6.41)

Certamente, a necessidade fundamental de nossa vida e obra para Deus é a bênção de Deus sobre elas. Não existe outra necessidade. A que nos referimos quando usamos o termo "bênção"? Bênção é a obra de Deus quando não existe nada que justifique sua atuação. Por exemplo, calcula-se que um centavo compra apenas o que vale um centavo. Entretanto, se você não paga este centavo e Deus lhe concede dez mil coisas que valem um centavo, l(Jogo, você não tem uma base para seus cálculos. Quando cinco pães alimentam cinco mil homens e enchem doze cestos de migalhas, ou seja, quando o fruto de nosso serviço é desproporcional àquilo que temos, isso é a bênção. Ou, para ser mais exagerado, quando, levando em conta nossas falhas e fraquezas, não deveria haver nenhum fruto decorrente de nos- sas lidas, e, ainda assim, há fruto, isso é bênção. Bênção é um fruto que não tem relação com aquilo que somos, conseqüências que não são apenas o trabalho de causa e efeito. A benção vem quando Deus age completamente além daquilo que pensamos, por amor de Seu nome.


 2        DE          JANEIRO 


Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnifico em toda a terra é o teu nome!(Salmo 8.1, 9)

No momento em que homens blasfemam o nome do Senhor, resta apenas ao salmista exclamar com admiração diante da grandeza deste nome. Embora seja um poeta, faltam-lhe palavras para expressar a dignidade Dele. Tudo que pode fazer é clamar: "Quão magnífico!" E esta indescritível excelência está "em toda a terra". Neste versículo, está o eco de Gênesis 1, onde tudo que Deus viu "era muito bom". Contudo, tendo iniciado seu salmo desta forma, o autor o conclui com o mesmo tributo ao nome excelente, o que faz sem mencionar a Queda do homem. Se fossemos nós os autores, certamente ficaríamos compelidos a mencionar o fato. Entretanto, Deus é imutável e, para o salmista, mesmo o pecado de Adão não poderia revogar Seu intento de que, no final, o homem "tivesse domínio". Pois, neste momento, há a intervenção do Senhor Jesus. É o texto de Hebreus 2 que elucida o Salmo 8. Cristo é aquele Homem, e Ele já tratou do pecado. Nele, toda von- tade de Deus se efetua, e Ele está relacionado a nós. Não há desvio nos caminhos de Deus: eles seguem em linha reta. "Ó Senhor, quão magnífico!"


  3          DE          JANEIRO 

Remindo o tempo, porque os dias são maus.(Efésios 5.16)

É possível que, no designio de Deus para você, hoje seja o maior dia de sua vida. Entretanto, você poderia deixá-lo escapar como se fosse qualquer outro dia. O homem, cujo hoje é como ontem, não é sensível ao tempo de Deus. Nenhum servo de Deus deve contentar-se com o ponto a que chegou, pois estar satisfeito com o que é, é ser um perdedor de oportunidades. Imaginemos que neste dia o Senhor coloque em meu coração que eu vá e procure uma determina- da pessoa que, em Sua providência, está designada a tornar-se, daqui a cinco anos, um poderoso instrumento em suas mãos para a salvação de almas. Obedecer talvez seja a mais importante obra de minha vida. Contudo, suponhamos que, neste dia, eu esteja com medo do frio ou de algo igualmente banal, e não vá. Deixei escapar uma oportunidade e, talvez, tenha perdido, com isso, um poderoso instrumento para Deus. O problema é que estas ocasiões não estão à nossa espera. Passam rapidamente. Portanto, quando Deus se mover, que nos movamos com Ele. Nenhuma oportunidade enviada por Deus deve escapar-nos.


4         DE           JANEIRO 


E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus.(2 Coríntios 6:1)

Deus nos salvou para Si mesmo. "Mas prossigo", diz Paulo, "para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus" (Fp 3.12). Não fomos conquistados apenas para a salvação eterna, mas para um propósito bem definido agora: sermos cooperadores de Deus! Qual é a obra Dele hoje? É reunir todas as coisas em Cristo (Ef 1.10); não deixar pequenas coisas de qualquer espécie no universo fora de harmo- nia com Seu Filho exaltado. Como posso cooperar com Deus? Como posso realizar tão grande obra? Não sei, mas, como Paulo, eu quero, acima de todas as coisas, ser conquistado para isso.



  5        DE         JANEIRO 

Pela graça de Deus, sou o que sou.(1 Coríntios 15.10)

Você sente que o modo de Deus trabalhar em sua vida é dirigido especialmente a você? Você não se sente capturado pelo modo como Deus tem agido, escolhendo-o entre multidões ao seu redor e tornando-o Dele? Oh, penso nisto com freqüência. Era um estudante quando fui salvo. Eu tinha mais de quatrocentos colegas e, dentre todo este número, a escolha de Deus pousou sobre mim. Como isso poderia ter acontecido? Eu fazia parte de um grande grupo e, dentre de todo este grupo, Deus escolheu a mim. Como isso aconteceu? Quando meditamos nas formas maravilhosas pelas quais Sua graça nos alcançou, prostramo- nos diante Dele em adoração e reconhecemos que Ele é Deus, somente Ele. Você pergunta por que Ele o salvou? Deixe- me dizer que Ele o salvou porque era Seu prazer salvá- lo. Uma vez que o queria, Ele escolheu você e o trouxe para Si próprio. Portanto, não há nada a dizer, nada a fazer, nada senão simplesmente adorá-Lo.



 6          DE        JANEIRO 

Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.(Salmo 23.5)

Nosso irmão Paulo fez uma grande e maravilhosa afirmação aos filipenses. Para estes que, nas coisas materiais, chegavam a ser quase que os únicos a sustentá-lo, ele teve a coragem de dizer: "Recebi tudo e tenho abundância" (4.18). Paulo não fez nenhuma alusão à necessidade, mas tomou a posição de um filho abastado de um Pai rico e não teve receio de que, ao fazê-lo, pudesse desencorajar futuras ofertas. Talvez seja quase normal para um apóstolo dizer para um incrédulo que esteja em aflição: "Não possuo nem prata nem ouro" (At 3.6). Jamais lhe convinha dizer a mesma coisa para cristãos prontos e ansiosos por responder a qualquer pedido de ajuda. Desonra o Senhor quando um de Seus representantes revela necessidades que induzem à pena de seus ouvintes. Se temos uma fé viva em Deus, sempre nos vangloriaremos Nele.



 7         DE       JANEIRO 

Se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela Sua vida.(Rm 5.10)

Deus deixa muito claro em Sua Palavra que, para toda necessidade humana, Ele tem apenas uma resposta: Seu Filho Jesus Cristo. Em todas as Suas atitudes para conosco, Ele opera tirando-nos do caminho e colocando Cristo em nosso lugar. O Filho de Deus morreu em nosso lugar para nosso perdão; vive em nosso lugar para nossa libertação. Portanto, podemos falar de duas substituições: um Substituto na cruz, que garante nosso perdão, e um Substituto interior que garante nossa vitória. Será de grande ajuda para nós e nos livrará de muita confusão, se conservarmos constantemente este fato diante de nós: que Deus responderá todas as nossas dúvidas de uma só maneira, ou seja, mostrando- nos mais de Seu Filho.



8       DE       JANEIRO 

Já se ouve ruído de abundante chuva.(1 Reis 18.41)

Como Elias arriscava completamente tudo nas mãos de seu Deus! Por três anos e meio houvera uma seca por toda a nação, e a água de fato era muito escassa. Contudo, ele insistia em derramar água abundante sobre o sacrifício que reivindicaria o nome de Jeová. "O qué? Esbanjar nossas preciosas reservas de água sem previ- são de chuva?" "Enchei de água", disse Elias. "Fazei- o segunda vez; fazei-o terceira vez". E, não satisfeito, ele mesmo ajudou a encher de água o rego que passava ao redor do altar. Se nós também queremos ver Deus vindicado, precisamos trazer aquilo que temos e entregá-lo a Ele. "Mas que acontecerá se a chuva não vier?", você protesta. "Preciso garantir a água que tenho". Deus me livre! Esta atitude traz seca e esterilidade. Entregue tudo a Ele! Aquilo que você perde nada será quando comparado à abundância de chuva Dele.



 9     JANEIRO       DE

Exultem de glória os santos, no seu leito cantem de júbilo.(Salmo 149.5)

Aqui está uma descrição dos cristãos que real- mente desfrutam a vitória de Cristo. Eles repousam triunfantes no seu leito, descansando cheios de júbilo Nele. Pense no significado desta posição. Suas costas estão voltadas para a terra, deixando o mundo para trás, enquanto seu rosto volta-se para o céu, mantendo os valores eternos sempre em vista. "Leitos" como os deles não são meras camas para descanso, mas plataformas para um culto efetivo. Porventura, você se sente obrigado a deitar na cama? Que os sublimes louvores de Deus ainda estejam em seus lábios!



  10         DE       JANEIRO 

Por que se enfurecem os gentios?(Salmo 2.1)

A resposta vem logo em seguida: porque “os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido". Por mais que seja violenta a hostilidade entre eles, os governos do mundo estão unidos de coração num ponto: estão contra o reino de Cristo. Consideramos algumas nações más e outras boas; entretanto, a Escritura aponta-nos o "prín- cipe deste mundo" por trás de todas elas. Induzidos por ele, os reis da terra hoje buscam apenas liberdade total das sanções impostas pela lei de Cristo. Não querem mais amor nem mais humildade ou mais verdade. "Rompamos os seus laços", eles clamam, "e sacudamos de nós as suas algemas". Esse é o único lugar, em toda a Escritura, em que se diz que Deus ri. Seu Rei já está em seu Santo monte! A Igreja primitiva estava plenamente consciente do domínio de Cristo. Mais do que nunca, é preciso que nos lembremos desta verdade hoje. Logo, talvez em nossa vida, Ele pastoreará as nações com vara de ferro. Nossa tarefa é apelar para que os homens sejam prudentes e Nele se refugiem.



11         DE          JANEIRO 

Todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação.(Habacuque 3.18)

Quando o menino galileu trouxe os pães para Jesus, o que Este fez com eles? Ele os partiu. Deus sempre partirá aquilo que Lhe for ofe- recido. Ele parte aquilo que recebe, em seguida, abençoa-o e usa-o para suprir as necessidades dos homens. Não é essa a sua experiência? Você se dá ao Senhor e, de repente, tudo começa a piorar tanto que você é tentado a duvidar de Seus caminhos. Persistir nesta atitude é, na verdade, ser quebrado, mas com que propósito? Você foi muito longe para ser usado pelo mundo, mas não foi suficientemente longe para Deus. Esta é a tragédia de muitos cristãos. Nosso desejo é que Ele nos use? Então, continuemos, dia após dia, a entregar nossa vida a Ele, sem criticar Seus métodos, mas, aceitando o modo como Ele nos trata, com louvor e expectativa.



 12          DE          JANEIRO 

São os que foram redimidos dentre os homens, primicias
para Deus e para o Cordeiro.(Apocalipse 14.4)

Minha província natal de Fukien é famosa por suas laranjas. Eu diria (ainda que, sem dúvida, seja preconceituoso) que não existe nada como suas laranjas em qualquer parte do mundo. Ao contemplar as colinas no início da época de laranjas, todos os pomares estão verdes. Contudo, se observar com maior cuidado, você verá, espalhadas aqui e ali nas árvores, laranjas amarelas já começando a aparecer. É maravilhoso ver aquelas manchas douradas despontando entre as árvores verdes. Mais tarde, toda a colheita estará madura e os pomares ficarão amarelos, mas, no momento, são estes primeiros frutos que são colhidos. Eles são cuidadosamente colhidos com as mãos, e chegam aos maiores preços no mercado, quase sempre custando três vezes o preço da colheita. Estamos convencidos de que todos os cristãos chegarão à maturidade de algum modo. Entretanto, o Cordeiro busca os primeiros frutos para Sua hora de maior necessidade.




13       DE        JANEIRO 

Disse Abraão a Ló: Não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos parentes chegados. Acaso, não está diante de ti toda a terra?(Gênesis 13.8, 9)

Para Abraão, que acabara de voltar de sua terrível aventura no Egito, quão preciosa deve ter sido aos seus olhos a terra que Deus lhe dera! Neste momento, entretanto, ele estava para aprender uma nova e importante lição, ou seja, não tomar posse da terra. "Mas, certamente", ele deve ter pensado, "uma dádiva tão preciosa como esta deve ser aceita e logo ocupada a qualquer preço!". E o mesmo pensamos quando Deus nos concede Suas dádivas. Contudo, Abraão viu que teria de renunciar sua terra. A seu sobrinho Ló cabia a primeira escolha de tudo que queria.
Esta é uma lição que todos nós devemos aprender. Podemos confiar que Deus guardará para nós aquilo que nos tem dado, nunca prendendo-nos a isto mediante nosso desejo natural de tomar posse? Aquilo que Deus concede, Ele concede! Não precisamos lutar para preservá-lo. Na verdade, se dominamos com temor a Sua dádiva e nos prendemos a ela, é possível que corramos o risco de perdê-la. Somente aquilo de que abrimos mão em virtude de nossa confiança Nele torna-se, de fato, nosso.



14          DE         JANEIRO 

José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus galhos se estendem sobre o muro. Os flecheiros lhe dão amargura, atiram contra ele e o aborrecem. O seu arco, porém, permanece firme.(Genesis 49: 22-24a)

Dos vários típicos servos de Deus no Antigo Testamento, José talvez seja o mais perfeito. Embora a Bíblia não revele nenhuma falha visível em seu caráter, sabemos muito bem que seu caminho não foi fácil. Quando seus problemas tiveram início? Certamente, com seus sonhos, que representam uma visão espiritual. Neles, José viu o que Deus faria e qual era seu próprio lugar no plano divino. Foram seus sonhos que deram início aos problemas, pois ele viu o que seus irmãos não podiam ver. Eles o chamavam de "o tal sonhador" e planejavam sua queda. Deste modo, ele foi vendido como escravo e colocado em grilhões de ferro (Sl 105.17, 18). Entretanto, José sobreviveu a tudo para tornar-se, por fim, o meio de Deus cumprir um maravilhoso propósito para Seu povo. Aquele que pôde ver permaneceu firme até o fim.



15        DE       JANEIRO 

O Senhor proverá. Daí dizer-se até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.(Génesis 22.14)

Diz-se que a única pergunta que Isaque fez por sua própria decisão foi: "Mas onde está o cordeiro para o holocausto?"(v. 7). A resposta foi categórica: "Deus proverá". Isso é típico de Isaque, cujo privilégio como herdeiro era simplesmente receber aquilo que, de bom grado, lhe era concedido pelo pai. Isaque não teve de cavar poços; o máximo que se exigiu dele foi que reabrisse aqueles que seu pai cavara. Nem teve, entretanto, nada a dizer com relação ao seu próprio casamento; não foi consultado sobre a mulher com quem se casaria, e nem se esperava que fizesse qualquer esforço para procurá-la. Até o túmulo em que seria sepultado já havia sido adquirido por seu pai. Como Isaque, nascemos em um lar abastado. Aquilo que Deus, nosso Pai tem nos concedido, espera-se que recebamos. O Deus de Isaque é nosso Deus e, porventura, não é Ele o Deus Provedor?




16   DE       JANEIRO 

Acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.(Atos 2.21)

Como isso é possível? É possível porque Deus cumpriu aquela outra profecia de Joel que diz: "Derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne" (2.28). Uma vez que o Espírito Santo foi derramado sobre toda a humanidade, o simples cla- mor do pecador a Deus é suficiente.
Nenhum pregador do evangelho é de muita serventia, a menos que creia nesta verdade. É vital para nossa pregação que o Espírito Santo esteja próximo do pecador. Deus nos céus está muito longe do alcance do homem. Entretanto, "não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo (...) A palavra está perto de ti" (Rm 10.6, 8). Sempre creio que o Espírito Santo está sobre um homem quando lhe prego a respeito de Cristo, assim como Ele se movia sobre as águas no ato da criação. Ele espera para levar Cristo à vida deste homem. Seu ministério é como a luz do dia. Abre-se ainda que um pouco as janelas, e a luz inunda e ilumina todo o interior. Ainda que haja apenas um clamor a Deus vindo do coração, neste momento, o Espírito entra e começa Sua transformadora obra de convicção, arrependimento e fé o milagre do novo nascimento.



 17        DE      JANEIRO 

Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo(Atos 2.38)

Suponhamos que eu entre em uma livraria, escolha um livro de dois volumes e, ao pagar pela mercadoria, saia da loja deixando, desatentamente, um dos volumes sobre o balcão. O que devo fazer quando me der conta da falta de cuidado? Devo voltar à loja para reaver o volume que esqueci lá, sem ter de pagar mais um centavo sequer por ele. Simplesmente lembrarei o gerente da loja que os dois volumes foram devidamente pagos, agradecerei novamente pelo segundo volume e, sem mais nenhuma palavra, sairei contente da loja com meus pertences debaixo do braço. Você não faria o mesmo sob as mesmas circunstâncias? Mas você está sob as mesmas circunstâncias. Se cumpriu as condições, você tem o direito aos dois dons, não apenas a um deles. Você já recebeu a remissão de seus pecados. Por que não vir e, se nunca o fez, agradecer ao Senhor pela dádiva do Espírito Santo neste exato momento?



  18          DE        JANEIRO 

[A Deus] aprouve revelar Seu Filho em mim.(Gálatas 1.16)

Ainda que pudesse, eu não trocaria de lugar com os discípulos, nem com aqueles que estavam no Monte da Transfiguração. O Cristo com quem conviveram estava limitado pelo tempo e espaço. Ele estava na Galiléia? Portanto, não poderia ser encontrado em Jerusalém. Estava em Jerusalém? Logo, os homens O procuravam em vão na Galiléia. Hoje Cristo não se limita pelo tempo nem pelo espaço, pois vive segundo o poder de uma vida eterna, e aprouve ao Pai revelá-Lo em meu coração. Ele esteve com eles por vezes; porém, está comigo sempre. Eles O conheceram segundo a carne, viram-no, tocaram-no, conviveram com Ele no mais íntimo contato. "E, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo" (2Co 5.16) e, não obstante, eu O conheço em verdade, pois O conheço segundo aprouve a Deus que Ele fosse conhecido. Deus não me concedeu o espírito de sabedoria e revelação no conhecimento de Cristo?




  19       DE         JANEIRO 

Ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.(Atos 26.19)

O que levou Paulo a consagrar-se por toda a vida foi aquele raio de luz vindo do céu. A obediência foi fruto de sua visão. Embora seja verdade que entregar-se totalmente a Deus seja algo precioso para Ele, uma entrega cega talvez não Lhe seja muito proveitosa. Em minha opinião, há uma diferença entre a consagração inicial e pura, mas não instruída, que segue nossa conversão, e aquele ato de entregar-nos a nós mesmos que pode ser fruto de uma visão do plano de Deus. Com relação à primeira, baseada como tal em nossa salvação, é possível que Ele não faça de imediato sérias exigências. Entretanto, é quando abre Seu coração para revelar- nos o que Ele quer que seja feito e quando recebe nossa pronta resposta ao pedir-nos disposição, que Suas exigências com relação à nossa entrega se intensificam. Damos a nossa palavra com base em uma nova compreensão, e Ele nos aceita mais uma vez segundo a nossa palavra. Deste momento em diante, tudo que temos deve condizer o tempo todo com ela.



   20      DE        JANEIRO 

Quando a nuvem se levantava de sobre o tabernáculo, os filhos de Israel caminhavam avante.(Exodo 40.36)

Assim como todo o falar de Deus para Seu povo naqueles remotos dias vinha de entre os querubins de glória, toda Sua forma de conduzi-lo adiante se dava por meio desta mesma glória. Na nuvem durante o dia e no fogo à noite a glória de Deus aparecia e, por meio dela, o povo se movia. Para nós, também, toda a revelação da vontade de Deus procede de Sua glória. Se virmos a glória de Deus em relação a qualquer assunto, teremos descoberto Sua direção em relação àquilo. Você me pergunta: "Esta é a vontade de Deus? Ou é aquela?". Respondo com uma pergunta: "Nisto está a glória de Deus?" Discirna isto e você não necessitará esperar por nada mais, pois a própria glória divina expressa a vontade de Deus. A direção de Deus é aIgo que simplesmente corresponde à Sua glória. Não é preciso perguntar pelo caminho no lugar onde a glória de Deus repousa.



21      DE       JANEIRO 

Não subais, pois o SENHOR não estará no meio de vós, para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos.(Números 14.42)

Há sempre a séria possibilidade de Deus mudar de opinião. Este fato deve manter-nos em humilde temor diante Dele, pois, se há algo em nós que resiste à Sua vontade, Deus pode ser forçado a mudar Suas ordenanças para nós, como fez com Israel. É verdade que Israel reconheceu que havia pecado; entretanto, enganou-se ao pensar que poderia então proceder como se nada fora mudado. Houve mudança. Nesta situação é insensatez prender-se cegamente a algo que o Senhor nos concedeu há vinte anos, ou mesmo no ano passado. Devemos viver o presente e apegar-nos a Deus. Vital é a relação presente. Ora, até Moisés teve seu curso redirecionado quando fracassou diante de Deus. No entanto, ao curvar- se à vontade de Deus, ele foi abençoado, enquanto os israelitas que tentaram ignorá-la depararam-se apenas com infortúnios. Existe algo em mim que mudou a opinião de Deus? Que eu então esteja aberto para Seus ajustes. Um dia Ele me restaurará.




 22         DE       JANEIRO 

Ai! Meu senhor! Que faremos(2 Reis 6.15)

Quando Deus opera Seu milagre, temos de rir de nossa própria insensatez. Se ainda insistimos em preocupar-nos e fazer planos, consequentemente, não somos Seus discípulos. Temo que muitos nunca vêem o Senhor agir por eles porque sempre têm uma saída - talvez, um amigo que poderá ajudar-lhe um pouco, caso Deus não o faça! É preciso muita compaixão para com aqueles que, levados a uma terrível crise, ainda encontram uma forma de escape, pois a neces- sidade é a base para milagres. Escapar de uma destas condições é perder a outra. As grandes dificuldades servem apenas para forçar-nos a abrir mão de nosso ego e passar a ter confiança Nele. Quando não há um meio de ir para frente nem para trás, então, Deus é capaz de operar. Ele tem um plano. Portanto, não tema as impossibilidades. Elas não têm importância para Deus. Caia a Seus pés e espere que Ele haja. Há um milagre à frente.


 23        DE      JANEIRO 

Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa.(Lc 10: 41, 42)

Sejamos francos: a obra do Senhor tem suas atrações. Ela pode emocioná-lo ao ver multidões se reunirem para ouvir sua pregação. Se, em vez disso, você for forçado a ficar em casa, ocupado desde cedo até à noite com os afazeres deste mundo, logo começa a pensar: "Como a vida é sem sentido! Que maravilhoso é sair e servir ao Senhor! Se eu pudesse ser livre para sair por aí pregando!".
Entretanto, isto não é espiritualidade. Talvez não passe de uma entrega a uma preferência natural. Não é possível que muito do nosso assim chamado serviço a Deus seja simplesmente a busca de nossas próprias inclinações? Somos tão impacientes que não suportamos ficar em casa; por isso, saímos por aí realizando a obra do Senhor para nosso próprio alívio. Talvez estejamos fazendo o máximo possível para servir nossos irmãos e, talvez, estejamos nos esforçando para salvar pecadores; entretanto, uma coisa é necessária. Será que estamos, antes de mais nada, servindo a Deus?


24         DE        JANEIRO 

O Senhor Deus me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado.
(Isaías 50.4)

Será que tenho receio de falar sem a consciencia de que minhas palavras vêm do Senhor neste exato momento? Devo preocupar-me de forma tão dolorosa quanto se é ou não o Espírito que me leva a dizer isto ou aquilo? Tendo necessidade de estar consciente quanto a se aquilo que falo de fato vem de Deus, posso simplesmente mostrar o quanto sou espiritualmente pobre? Um cristão espiritual manifesta a abundância da graça em sua vida. Ao despertar dia após dia para aprender com a Palavra de Deus, ele acumula riquezas espirituais às quais pode recorrer. Em vez de levar uma vida miserável com relação às dispensações especiais da graça, ele ajunta ao longo dos anos uma abundância permanente, da qual produz coisas novas e velhas. A partir desta experiência, ele pode, se necessário, falar da mente do Espírito sem a arrogante consciência de ser o oráculo imediato de Deus.


25      DE       JANEIRO
Se o nosso Deus, a Quem servimos, quer livrar-nos, Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente. (Daniel 3.17)

Como a Igreja alcança sua meta? Apenas passando pela estrada da pressão que leva à expansão, da pobreza que leva à riqueza. Você pergunta: O que queremos dizer com "expandir-se por meio da pressão"? Quando três homens são presos na fornalha e os três se tornam quatro, isto significa expansão por meio da pressão. Alguns consideram a fornalha como um lugar muito apertado para três homens; por isso, procuram uma forma de escape; outros aceitam seus limites e, ao aceitá-los, dão lugar a um Quarto homem. Não devemos deixar que as dificuldades nos afastem de Deus; do contrário, devemos permitir que elas façam com que nos prendamos a Ele, o que significa expansão por meio da pressão. Alguns, por meio da pressão, alcançam o propósito de Deus; outros chegam ao fim em meio à pressão. Alguns morrem na estreiteza; outros, por meio da estreiteza, encontram plenitude de vida. Alguns murmuram quando lhes sobrevem provações, vendo nelas apenas impedimento, limitação e morte; outros louvam a Deus pelas provações e, ao fazê-lo, encontram o caminho para a expansão, a liberação e a abundância de vida.


26       DE       JANEIRO 

Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado!(João 19.30)

A fé cristã não começa com um grande "FAÇA", mas com um grande " ESTÁ CON- SUMADO". Naturalmente, nossa razão protesta contra esta verdade. Se não nos mover- nos, como poderemos alcançar o alvo? O que conseguiremos sem esforço? Como realizaremos algo se não trabalhamos para isso? Contudo, a fé cristã é algo maravilhoso! Ela começa com descanso. Se, no início, tentamos fazer algo, nada conseguimos; se tentamos conseguir algo, perdemos tudo. "Está consumado", disse Jesus. Paulo inicia sua carta aos Efésios com a afirmação de que Deus nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo. Portanto, somos convidados, desde o início, a descansar e a nos alegrar com o que Deus já fez, sem tentar realizá-lo por nós mesmos.



 27       DE        JANEIRO 

Eis que faço uma aliança; diante de todo o teu povo farei maravilhas.(Exodo 34.10)

Muitos de nós não fazem uma distinção clara entre as promessas de Deus, os fatos consumados de Deus (Suas poderosas obras) e a aliança de Deus. As promessas são feitas com o intuito de encorajar a fé, mas, muitas vezes, não conseguimos imaginar as promessas de Deus. Por vezes, não podemos nem nos prender aos fatos divinos; as aparências parecem não corresponder a eles. Entretanto, quando as coisas assim acontecem, resta-nos ainda Sua aliança. E a aliança significa mais do que as promessas, mais até mesmo do que os poderosos feitos. É algo que Deus comprometeu-se a fazer. A aliança é um meio que nos foi dado por Deus pelo qual a fé pode suster-se. Moralmente, nós não temos nada a exigir de Deus. Contudo, aprouve a Ele comprometer-se com uma aliança e, ao comprometer-se, portanto, em agir em nosso favor, Ele está - o que digo com reverência - comprometido a fazê-lo. Nisto está a preciosidade da aliança. É isto que fortalece a fé quando ela está totalmente fraca.


28       DE       JANEIRO 

O Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.(Hebreus 12.6)

Parece claro que a visão espiritual por si só não é suficiente para transformar uma vida. Consideremos a escada de Jacó. Por causa de seu comportamento desonesto, Jacó perdeu sua casa e seus bens. Entretanto, a despeito destas coisas, Deus o ajudou em Betel com uma visão tão maravilhosa que o levou a exclamar: "Quão temível é este lugar!" (Gn 28.17). As promessas que seguiram este evento foram plenas e incondicionais. Contudo, sua resposta contrasta com elas: "Se... se... se..., então, eu farei...". Até com o Senhor ele queria fazer um acordo. Era o mesmo Jacó, sem transformação.
Logo, no entanto, ele se envolveu com Labão, que era como ele. Por este e por outros meios, Deus conduziu Jacó ao longo de anos da mais frutífera disciplina. O filho mimado da família tornou-se um trabalhador tratado com severidade. Os caminhos de Deus são sempre perfeitos, e foi um novo Jacó que, por fim, encontrou seu caminho de volta para Betel.

 29         DE          JANEIRO 

Serei para Israel como orvalho.(Oséias 14.5)

Estas palavras descrevem o início de todas as coisas na experiência dos filhos de Deus. O orvalho da manhã é completamente vital para a vida e o crescimento de árvores e flores; e, para nós, o próprio Senhor promete ser como o orvalho. Tudo em nossa vida como cristãos vem a nós de Cristo como a fonte. Ele foi feito para nós sabedoria, justiça, santidade - sim, todas as coisas, e não há necessidade humana que não seja suprida uma vez que O recebemos, nem, na realidade, algo nos será dado como uma dádiva à parte Dele.
"Serei como o orvalho", Ele afirma e, na metade seguinte do versículo, Oséias mostra como a vida tendo esta verdade como sua base assume uma misteriosa natureza dupla. Nela, o desabrochar de um lírio está maravilhosamente relacionado às raízes do cedro: a beleza frágil e uma grande força juntas em uma única planta. Estes milagres são realizados apenas pelo orvalho do céu.


 30        DE         JANEIRO 

Ele florescerá como o lírio e lançará as suas raízes como o cedro do Líbano.(Oséias 14.5)

Aqui estão reunidas num filho de Deus duas características contrastantes. Acima do solo, de certo modo, está a vida simples e genuína de confiança e fé representada pelo lírio do plantio de Deus. Isto é o que o homem vê. Contudo, bem enterradas e longe dos olhos, dando a esta planta frágil uma força completamente inesperada, estão as sólidas raízes do cedro. Aqui, certamente, está o paradoxo de uma vida na qual a cruz é conhecida. Exteriormente, ela é frágil como o lírio que floresce sobre a terra, mas, no recondito, debaixo do solo, ela é cem vezes mais forte. Eis o teste. Até que ponto minha vida é observada? Quando o homem olha para a superfície, será que ele ve a vida como um todo ou será que há algo mais? Será que tenho, na esfera do invisível, uma história secreta com Deus? O homem considera apenas o lírio que floresce em sua fragilidade. Deus preocupa-se com as raízes, para que elas sejam fortes como o cedro.

31        DE        JANEIRO 

Estou forte ainda hoje como no dia em que Moisés me enviou; qual era a minha força naquele dia, tal ainda agora para o combate, tanto para sair a ele como para voltar. Josué 14.11)

É lastimável o fato de que alguns de nós, que provaram o poder de salvação de Deus, ainda duvidam do Seu poder para sustentar. Não percebemos que Aquele que é o Doador da graça é O que também nos mantém em Sua graça? Observemos Calebe. Forte como fora no dia em que Moisés o enviou para espiar a terra, ele não era menos forte agora, enquanto dizia estas palavras. Além disso, aquilo que se mostrava suficiente para as exigências comuns da vida diária era igual também para as tensões especiais da guerra. Decorreram-se anos difíceis; contudo, o vigor de Calebe aos oitenta e cinco anos não era menor do que aos quarenta anos. Há apenas uma explicação para a sua experiência, assim como, na verdade, haverá para a nossa no final: ele foi preservado pelo poder de Deus.


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